quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Querido Inferno Astral

Em alguns momentos sinto falta de grandes acontecimentos, físicos ou emocionais, que me impulsionem em textos que por vezes nem eu mesmo decifro. Faço a volta nas minhas lamúrias e a única coisa que tenho para falar, chorar ou descrever é o inferno astral que ainda não chegou. Sim, em uma conversa despretensiosa sobre aniversários e nascimentos com uma aluna mais que mística minha, ela disse que por volta do mês de nascimento somos abraçados pelo nosso inferno astral. Pois bem, o que é o Inferno Astral? Depois de pesquisas minuciosas, mentira, cheguei ao ponto chave: É inevitavelmente um mês que antecede seu aniversário, geralmente carregado de mal humor, depressão e azar. Ora ora, então cadê o meu? Falta pouco para que ele acabe, pois segundo esta mesma pesquisa, o inferno astral se encerra no dia do nascimento. E até agora nada, tô vazio. Pronto e preparado para abraçar minha depressão da maturidade, para me recompor do mau humor dos dias chatos e principalmente para catar os cacos de vidro dos espelhos que preciso quebrar. E até agora nada. "Que doido!" - Vão dizer, está atrás de coisas ruins. Uma Clarice inveterada que só escreve quando está à padecer, um Van Gogh contemporâneo que só pinta se tiver a orelha sangrando, mas não. O problema é que sem as coisas ruins, as boas ficam muito distantes...

E Sr. Inferno Astral, ainda tens três dias para chegar, aguardo-o ansioso.