E depois ter lhe dito que não iria, fui.
Moro aqui agora
E sou, por mais distante de mim que o faça,
um pedaço de eu que está
sempre em mim.
Não desfaço meus planos
Meu Estado privatizou minhas emoções.
Se me perguntam "tudo bem?"
Desfaço o "tudo"
E aqui, onde sou.
Vivo em mim.
Eu sou aqui.
quarta-feira, 10 de dezembro de 2014
sábado, 6 de setembro de 2014
Ouroboros
Ainda confusa com o diagnóstico positivo saiu da clínica
segurando um envelope pardo e tirando o lenço do pescoço.
Maria, 67, Servidora pública aposentada, Caxias – RJ
Acordou as crianças, deu um beijo no marido e fez café.
Ainda usava pijama quando Jonas, o filho mais novo, abraçou-a e perguntou pelo
pai.
Giovana, 35, Professora de português, Tijuca – RJ
Levantou da cama ainda pensando no pesadelo. Correu rápido
no quarto de Jonas e ele já havia descido. Voltou para o quarto e vestiu o
uniforme do treino de futebol.
Ricardo, 12, Estudante, Tijuca – RJ
Ouviu a voz da mãe lhe chamando e dizendo que era hora de
acordar. Já estava acordado, apenas levantou. Seguiu a mãe até a cozinha e a
abraçou. Perguntou pelo pai sabendo que ele estava fazendo uma escala nova no
Hospital.
Jonas, 7, Estudante, Tijuca – RJ
Ligou para mãe, mas ela não atendeu. Sabia que ela estava
indo ao médico e estava preocupado com sua tosse constante. Tinha esperança de
não ser nada. Continuou a preparar o campo pro torneio de futebol que
aconteceria na escola.
Arnaldo, 27, Professor de Educação Física, Caxias - RJ
Respirou fundo, pensou nos filhos e na Giovana. Queria poder
ver hoje o jogo de futebol de Ricardo. Tinha medo de que seus diagnósticos um
dia fossem para um deles. Odiava dar más notícias, mas “Dona Maria, a senhora
tem um câncer inoperável no pulmão”.
Robson, 41, Médico, Tijuca – RJ.
segunda-feira, 18 de agosto de 2014
Ensaios sobre a carne
Na tua boca
os beijos são meus
Do teu
pranto acelero minha alma para chegar ao teu tempo
Meu pranto é
vago se no seu colo derreto.
Não vejo em
mim rastro seu.
Meu corpo
fede a você desde a última vez que nos tocamos.
Meu corpo
chora.
É
ferramenta.
É etéreo meu
prazer.
Se realizo
sou eterno.
No gozo
final da assinatura me desfaço.
Sou momento
em ruptura.
Sou cheiro,
sou gosto, sou imagem.
Na parede me
decoro.
Por dentro
somos vermelhos.
Por dentro
somos sangue.
Meu pulmão,
minhas córneas, minha esperança.
Sou doador.
As minhas
pernas tremem quando começo.
Acaba-se a espontaneidade
do verbo quando se sente dor.
Somos nada
juntos.
Se te
preciso é pra saciar meus mais superficiais desejos artísticos.
O de ser
desejado.
segunda-feira, 4 de agosto de 2014
Me me s tra do
Objetifico a pesquisa relacionada às justificativas insanas. Minhas referências? Como ousa!
Sobre minha metodologia marginal não penso no que digo, só falo.
Gosto de escutar música, prova de inglês dispenso.
A viabilidade da minha pesquisa é o discurso inacessível dos teus livros caros.
M e a c e i t a?
M e o r i e n t a?
M e g u i a?
Me conduz pro seu mundo elitizado e incoerente que tem espaçamento 2,5 na lateral direita.
Sobre minha metodologia marginal não penso no que digo, só falo.
Gosto de escutar música, prova de inglês dispenso.
A viabilidade da minha pesquisa é o discurso inacessível dos teus livros caros.
M e a c e i t a?
M e o r i e n t a?
M e g u i a?
Me conduz pro seu mundo elitizado e incoerente que tem espaçamento 2,5 na lateral direita.
segunda-feira, 21 de julho de 2014
Julgamento
Aprendi a viver de renuncias. Durmo a tarde inteira. Tomo
café frio. Trabalho duas vezes por semana. Faço nada.
Sou do nada. Estou em crise.
Tenho sentido tédio das pessoas com maior frequência do que
o Ministério da Saúde adverte.
Ontem li sobre a mulher que processou a fábrica de cigarros
pela morte do marido e ganhou.
Ando pensando em processar a vida. Eu me processo.
Corrigi hoje a monografia de uma amiga que está se formando
em nutrição. O tema é “alimentos ultra processados”. Não sabia até hoje a existência de tal coisa.
Corrigi apenas os erros gramaticais. Se os ultra processados vão ganhar o
julgamento, cabe a eles.
Eu perdi, assim como a fábrica de cigarros, pelas circunstâncias.
Não pelas escolhas.
É segunda-feira, 13 horas, trabalho duas vezes por semana. Faço
nada.
Renunciei o resto da tarde para dormir.
Talvez lavar a louça.
E fazer café.
quarta-feira, 9 de julho de 2014
quinta-feira, 15 de maio de 2014
violetas velhas;
Despenco dos dias na recompensa da cama gelada.
Acordo todo dia às 4:30.
Tenho ingerido álcool diariamente.
Estou apático.
sábado, 26 de abril de 2014
sexta-feira, 25 de abril de 2014
quinta-feira, 24 de abril de 2014
terça-feira, 18 de fevereiro de 2014
terça-feira, 4 de fevereiro de 2014
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