quarta-feira, 30 de março de 2011

Sinto

Não controla a chuva, então deixa chover.
Não controla o amor, então deixa amar.


sábado, 26 de março de 2011

Vampiros

Andei pensando em pautar a vida. Fazer de tudo lista.  Coisas bobas em papéis amarelos colados por toda a casa. Achei que devia colocar aos olhos os gostos e os desgostos para não esquecer.

É minha mentira.
É minha vergonha.

Num sábado sem gosto adormeci a morte de querer mais. Ficou ali no canto junto da planta que morre por falta de água. E o homem? O que é o homem?

Racional.
Animal superior.

Faço as listas da minha superioridade fútil. Sou melhor que você. Sou melhor que eu. 

Os “eus” da minha vontade.


quarta-feira, 23 de março de 2011

Instantes

Uma pulga pula e ninguém vê.

Niguém viu o pulo da pulga.

Ninguém respirou o desespero do pulo e a alegria da chegada.

Só a pequena pulga.

Que agora, pensa novamente em pular.

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Para Penélope, que agora deve voltar em forma de pássaro.

domingo, 20 de março de 2011

Expresso duplo com baunilha

Passei a semana inteira medindo distâncias e quando deu tempo voltei a viver. Eu te quis sem saber se você me queria. Eu te chamei sem saber se me ouvia. Tropecei nas minhas vontades egoístas e te vi sorrir. Foi assim, só assim.

O cotidiano tomou susto e pediu sossego. 

Primeira aula às seis. Professor deu desculpa e abandonou. Dois cigarros e volta para a casa postiça na bicicleta enferrujada. A lua estava cheia, bem cheia.

Arrastei o sofá para me ver de um ângulo novo. Desliguei a TV pela vontade de silêncio. Cantei.

Gato nervoso, mordida. Suspeita de doença perigosa e um sorriso no rosto. Se for para morrer que seja de amor. Se for uma mordida que seja a tua. Nem vi acontecer.

Na receita dada pelo médico simpático “5 doses de VERORAB, uma por semana.”.

Por que todos estão tão preocupados? Por quê?

Um domingo de vento frio e céu branco. “Você já conhece a nossa loja?”. Digo que sim, mas peço uma sugestão. A barista simpática aconselhou acabar a semana com um expresso duplo com baunilha e um disco da Nana Caymmi.

quinta-feira, 10 de março de 2011

Moedor de farinha

Janaína morena pele seca
Do sertão seu amor padece
Janaína túmulo de João
Flores mortas vaso de barro
Janaína morena pele seca
Janaína morena rosto lágrimas
João tiro morreu
Janaína filhos farinha
Janaína angústia fugir
Janaína vida assim
Assim continua termina
Janaína morena da pele seca.

segunda-feira, 7 de março de 2011

A Rede Social

Ainda em pulso pelo filme, não sei de mim o quanto posso falar sobre. Eu gostei e agora ainda recomendo. Descara a futilidade, a incerteza, a insegurança e, sobretudo a falta de coragem e o excesso de inteligência dos jovens contemporâneos. Da dita persona do herói, assim como dos outros personagens, cria-se apenas um apego superficial. Tal como essa vida de dados sugere que seja. As antigas incertezas e conflitos dos filmes difíceis de outras-agora-futuras-épocas são deixados de lado. O foco é a instituição, a empresa, o dinheiro. E no fundo, não há fundo.

Eu gosto do dilema, eu gostei da montagem e fiquei impressionado com o roteiro. Porém de tudo que é possível destacar, destaco a namorada de Mark, primeira e única a aparecer no filme, que diz com a certeza de um discurso de rei: "O que se coloca na internet não é escrito a lápis, não pode ser apagado". Talvez aí esteja a única quase verdade deste nosso novo mundo, sejam as verdades ou as mentiras, o que está aqui, está.

A crítica, que recomendo muitíssimo, da Taína: [ http://lectervirouvegetariano.blogspot.com/ ]

sexta-feira, 4 de março de 2011

Olho mágico

Casa nova, a mesma família.
O dia de céu nublado.
O copo de café vazio.
As caixas abertas.
Limpa, guarda e esconde.
Recomeçamos.