segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

n.

Escrevi sobre o nada,

Senti o gosto do silêncio.

sábado, 29 de outubro de 2011

O delírios de consumo da Rainha Beth

Keep Calm and lets go...

1- Um tablet super duper que é melhor que o Ipad e blá blá blá. OK!
2- Uma super câmera digital inovadora com 50 % de desconto pagando à vista.
3- Um porquinho da índia. Só por quê sim. :3    (Agora é um gato.) OK!
4- Um HD externo com espaço pra tooooodos aqueles filmes ali.
5- Um carro. :~
6- Um sketchbook novo, bem novo, sem esses desenhos todos. Obs.: Fazer um não conta não.
7- Aquele super tênis da Coca-Cola. Ok, a Coca-Cola mata muita gente, mas... O tênis é lindo. OK!
8- O livro de aquarelas dos contos de fadas antigos... [suspiro]
9- Uma mala nova ou uma mochila de viagem. As roupas sujas, olha, são muitas roupas sujas.
10- Canetas. Acabaram, sumiram todas. Só tenho uma e ela está pela hora da morte. Ainda não!

Meta, deadline: 31/12/2011.
Vamos ver quem não consigo comprar isso tudo. :)

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Eu poderia!

E de fato eu poderia. 
Poderia reclamar dos trabalhos chatos, das provas injustas e dos horários ingratos.
Poderia reclamar sobre o saldo bancário, o preço da passagem ou o aperto no metrô.
E de fato eu poderia.
Poderia chorar pela solidão, pelo afastamento ou pela falsidade.
Poderia sofrer o riso dos outros.
Ah, eu poderia!
Poderia dissertar sobre a morte como se fosse uma amiga próxima.
E poderia querê-la como se não houvesse amanhã.
Realmente eu poderia.
O problema, é que eu não quero.




sexta-feira, 23 de setembro de 2011

vírgula

Não  te  amo mais.

sábado, 17 de setembro de 2011

Nomes possíveis

"Bernardo e Antonieta moravam juntos há 3 anos. Ele com 18 e ela com 72. Ele com a pele lisa e ela com a enrugada. Ele com a vida pela frente e ela com toda a vida para trás. Ele sem esperanças e ela também. Viviam juntos. Mãe do pai, sua avó. Filho do filho, seu neto. Bernardo e Antonieta quase nunca se viam na casa grande de 8 quartos. Ambos haviam entrado em um acordo silencioso onde..."

Um recorte do todo, quando eu terminar não ponho aqui. É pressão demais.

Chanson D'Amour

Dois cliques, 00:21.

pause;

Um café e dois cigarros.

play;

Quarto dividido, lágrima contida.

pause;

Respira, explica o filme.

play;

"Au parc", a melhor música.

"FIN"

Um clique, 2:04.

Seis sonhos depois disso.


sábado, 3 de setembro de 2011

Vértice*

*- do furacão.

Estou oficialmente acumulando trabalhos, deveres e tarefas. Quase nunca tenho tempo de respirar, um cafezinho, um cigarro que sabe. "Não(!), o tempo é curto e os documentos são para amanhã". De tudo e de todos, no mais rápido que posso girar estou salvando alguns segundos.

O que se espreme desta minha alma molhada:

- Aquarelas, aquarelas e mais aquarelas. Minha nova paixão antiga da vida inteira.
- Antropologia, documentário, UFF, antropologia e documentário. A missão é não ser chato.
- Ilustração 1 - Poster para a peça "O Idiota" de Dostoiévski. (quando finalizar publico aqui!)
- A presidência é uma faca de dois gumes que está cortando minha mão em dois sentidos.
- Aluguel, casa nova, casa antiga, mudança, decora, pinta. (E depois de alguns meses, mudo de novo, quer ver?)
- E como se não bastasse, ainda tento me preocupar com o coração.

Se eu não enlouquecer, enlouqueço.



quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Querido Inferno Astral

Em alguns momentos sinto falta de grandes acontecimentos, físicos ou emocionais, que me impulsionem em textos que por vezes nem eu mesmo decifro. Faço a volta nas minhas lamúrias e a única coisa que tenho para falar, chorar ou descrever é o inferno astral que ainda não chegou. Sim, em uma conversa despretensiosa sobre aniversários e nascimentos com uma aluna mais que mística minha, ela disse que por volta do mês de nascimento somos abraçados pelo nosso inferno astral. Pois bem, o que é o Inferno Astral? Depois de pesquisas minuciosas, mentira, cheguei ao ponto chave: É inevitavelmente um mês que antecede seu aniversário, geralmente carregado de mal humor, depressão e azar. Ora ora, então cadê o meu? Falta pouco para que ele acabe, pois segundo esta mesma pesquisa, o inferno astral se encerra no dia do nascimento. E até agora nada, tô vazio. Pronto e preparado para abraçar minha depressão da maturidade, para me recompor do mau humor dos dias chatos e principalmente para catar os cacos de vidro dos espelhos que preciso quebrar. E até agora nada. "Que doido!" - Vão dizer, está atrás de coisas ruins. Uma Clarice inveterada que só escreve quando está à padecer, um Van Gogh contemporâneo que só pinta se tiver a orelha sangrando, mas não. O problema é que sem as coisas ruins, as boas ficam muito distantes...

E Sr. Inferno Astral, ainda tens três dias para chegar, aguardo-o ansioso.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

"Hey! Mr. Tambourine Man, play a song for me..."

O dia em que fui rei do meu próprio perigo.
A hora em que todas as dores fui eu.
Eu era silêncio sofrível,
Da boca triste só saiu a fumaça ingrata.
No dia em que fui nada, eu chorei.

quinta-feira, 23 de junho de 2011

As cobras

Não digo que sim, pois já disse que não. Desmentir é pior do que não falar. Parece traição. Ah parece!
Deixo então a porta fechada, vai que assim consigo terminar o texto chato sobre o Banco Mundial.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

O desprezo

A certa altura da caminhada, onde o assunto estava escasso, resolveu fazer perguntas. "Sobre qual tema?"- Perguntou o outro. Queria falar sobre filmes que viu, não viu ou queria ver. "Eu nunca entendi Godard ao fundo" - disse ele coçando a cabeça. De fato, até aqui pro vosso querido escritor Godard nunca foi algo de se entender ao fundo, os filmes deste senhor são para sentir. Pois bem, como controlo a história, o outro rapaz disse exatamente isso. "Mas como, só para sentir?" - Perguntou ainda mais confuso. Oras querido personagem, permita-se afastar da lógica racional dos nossos dias e sinta. Dê aos seus olhos o caminho de seus sentimentos e entenderá as relações complicadas que o diretor põe na película. Torne seus dias sensações e terá dias reais. Não há lógica na vida, não há lógica no amor, no desprezo, na irrelevância dos contextos. "Fico confuso com isso" - Diz o rapaz que iniciou a conversa. E o que mais pode lhe propor a vida senão a confusão. Lembro de certa vez estar conversando com um senhor que me disse: "Passe pela ponte sem se preocupar e depois saberá se ela é segura e a beleza que pode encontrar lá de cima. Só atravesse sentindo a ponte sob seus pés."

domingo, 29 de maio de 2011

Adeus

Seguro firme o ferro do metrô gelado
No vão das coisas fúteis
Ele para.

No tropeço contínuo da escada que sobe
Eu subo.
Sem rir.

Ando pensando em me despedir,
Em mudar de quartos.
Da despedida sofro a pena.

Abraço a certeza de não mais te querer aqui
Assopro a fumaça dos dias em que achei rirmos juntos.

Acabou você.
Nós.
Das cordas que nos prendiam.

A piada da graça acabou.
E tu?
As mentiras caíram.
Eu vi quebrar, eu vi.

Se nestas frases a rima não vem, é por que
Querida amiga
Elas foram para longe de nós dois.

_
Ao pobre de mim, que ri querendo chorar quando está com você.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Aos nove.

Foi no ano de 1999. Eu estava parado na rua juntos dos amigos do bairro esperando começar mais uma partida do jogo fácil que era repetido noite adentro até as mães aparecerem nos portões e chamarem todos para dormir. Nesse dia em especial, alguma coisa dentro mudou. Eu tinha nove anos. Havia vivido nove anos sem dúvidas ou incertezas da vida, mas nesse dia sim o mundo mudou. Eu mudei por dentro. Sentado na calçada eu me perguntei se os números da idade, se a vida, se os sonhos passam. Foi inocente e prepotente pensar nisso, mas é a única coisa clara que me lembro da época. 
Agora no intervalo do resumo sobre arte renascentista parado com o café e o cigarro na mão, volto a me indagar as mesmas questões. A minha única certeza é que daqui a alguns tantos anos vou lembrar-me disso e achar uma enorme prepotência.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Não, não é metáfora.

Nada, absolutamente nada¹ atualmente possui o santo direito de se assumir metáfora. A discussão sobre o mundo fica invariavelmente sob a perspectiva racional e sem gosto dos fatos e teses. A criação perdeu o lúdico e adquiriu qualidades dignas de bons advogados. "Esta obra consegue "persuadir" o espectador." - ouvi dizerem. Como pode o espectador no alto de sua dignidade ser persuadido por imagens que deviam deixá-lo persuadir, possuir, recriar? Fico assim, em poucas frases assumindo minha indignação com a falta de imaginação, com a falta de humildade de certos tantos criadores e criaturas. Permita-me analogar a vida com os sonhos. Permita-me extrair o de dentro para digerir o de fora.

¹- Permitam-me generalizar.

sábado, 14 de maio de 2011

Gaveta

Tomei dois goles de paciência, três de coragem e mastiguei um pouco de vaidade. Depois da refeição complexa saiu o primeiro portfólio profissional desse que vos escreve.

Segue o link.
 http://moratelli.carbonmade.com/

domingo, 8 de maio de 2011

Passos rápidos

Céu branco de vento frio enquanto a tarde cai. Não é possível ver o rosto das pessoas que passam. As luzes automáticas ainda não compreenderam que é noite e estão apagadas. Tudo está cinza escuro. O amarelo desbota aos pés da árvore por hora negra. O vento é frio. Há silêncio no barulho das conversas tortas. Todos compartilham da tristeza inexata dos segundos. Nos olhamos. Ele procura os fósforos na mochila velha. Eu fico vazio enquanto acompanho o passar dos estranhos. Todos andam com direção e certeza de chegada. Todos estão com pressa. Eu não. Sucumbi à pressa quando o sol sumiu. Ajeito a blusa e acendo um cigarro. Agora da árvore só é possível ver o negro de sua silhueta. Fumaça, roupas densas, solidão em mim. Ele me olha confuso ajeitando o cabelo. Não está tudo bem. Eu respondo que sim. Eu quero sempre pensar que sim, mesmo vendo este pássaro voar para longe. A tarde enfim vai e me diz adeus. Eu fico sem saber esperar.

Frame do documentário "O Voo de Tulugaq"

Cresci

Não tenho tido tempo nem pro café, nem pro café(!), diga você?
Estou andando por aí e lá vem este maldito aparelho de celular a tocar e me dizer que tenho afazeres indispensáveis.

Indispensável passou a ser tudo que não é o prazer.

O filme dispenso,

A reunião não dá.

sábado, 30 de abril de 2011

Passos tortos

Ando inspirado por banalidades
E tenho me feito perguntas retóricas.

A viagem de ônibus demorou mais do que o normal
hoje
A janela estava aberta e o vento frio.
Fazia sol.

A escada do meu prédio tem listras amarelas em cada degrau
Para os que sobem e os que descem
De escada.

No elevador de ferro, nada de faixas
Avisos todos
Sobre o novo pet shop e nova moradora que faz monografias
Tudo no elevador.

Na minha escada, no meu elevador, no meu ônibus
Ando vendo minha vida subir, descer e frear.

Desisti das rimas engraçadas
Dos chapéus coloridos

Comprei um rolo de fita
Amarela
Dizem que evita quedas.

Banho com pouca água

Tudo novo de novo
Nova casa,
Novas ruas para percorrer
Para ver as mesmas faces que não são a sua.
Ainda vivo na textura de teus braços
que se estendem pelo meu destino
de ruas,
abertas ruas,
que em mato a lembrança condensa
e como em rural
a distância nos condena.

Carlos Robson

_
Se era para ser mensagem, virou poema. 
Tenho amado certas vírgulas e suspirado por alguns pontos.

domingo, 17 de abril de 2011

Enquanto o inverno não chega

Às vezes parece que o sol nasce só para queimar seu rosto. Às vezes parece que o passado te chama para uma conversa intima em um canto qualquer. 

Minha cinema que faz amiga e meu letras que faz amigo vieram aqui. Foi praia à noite, foi cafeteria e foram conversas bobas sobre filmes aleatórios. Faz tempo que meu ótimo não é assim tão fim de semana.

Só digo pra constar se colocar amizade no lugar de açúcar, o café tem mais sabor.




domingo, 10 de abril de 2011

Violão de uma corda só.

Um e-mail que foi e ficou. Escrevi direcionado, mas acho que faz sentido se a direção for o vazio.


"Um par de meias verdes em cima da mesa do quarto. Agonia constante que se intensifica toda vez que bato meus olhos sobre elas. Vamos falar por onde as meias andaram, por onde os pés cansados pisaram com elas.

O passado é um caminho inexistente, baseado em reflexos e algumas poucas imagens. Desse grande arquivo bagunçado por nuvens ficam as sensações, os cheiros, os amores e os medos. 

Te vi passar correndo em um sonho. O que são os sonhos senão o passado, o possível futuro, os medos e os desejos. E o passado vira sonho quando passa. Lembrar de sonho ruim é como sonhar o sonho ruim. O passado fica ali no seu bolso esperando você procurar suas chaves com pressa e cai na rua fazendo barulho. Imagina um fim de tarde de vento frio e céu laranja, imagina um tornado de sensações vindas da memória te tirando do chão. Não consigo criar medo pelo passado, eu fico feliz quando ele vem. Eu gosto de saber que vivi, apesar de me preocupar em viver. Correr do passado é correr do agora, você é o passado e o agora. É impossível correr de si mesmo.

Eu tenho medo de não sentir medo. Eu tenho medo de perder o frio na barriga na montanha russa, eu tenho medo de não sentir o frio na pele e o coração batendo rápido na rua vazia, eu tenho medo de não sentir as borboletas quando me apaixono por alguém. Eu tenho medo de não sentir medo. 

Isso é você, isso sou eu. Um corpo repleto de cargas elétricas. Um sentimento não pode te comer se você não permitir. Se você for capaz, ele te ajuda a comer o mundo.

Do meu passado eu gosto das imagens. Não tenho medo das ocasiões destrutivas, viraram fotos amareladas na minha agenda. Elas tem cheiro de árvore morta, são boas de pegar, aproximar do nariz e respirar fundo.

Devíamos todos respirar a vida. Sem a pressa do amanhã e o impedimento do atrás. 

Quando o mural das fotos velhas caí da parede, eles te chamam de morto. Quando o medo se esvai e xícara não fica mais cheia, eles te chamam de alguém. É pouco tempo pra muita coisa, a vida é andar de bicicleta e sentir o vento no rosto sem ter medo de cair na próxima esquina.

Fecha os olhos, solta as mãos do guidão e abre os braços. O amor é como a vida, é como o vento. Destrói casas e acaricia seu rosto. 

Deixa o vento te levar, mas não deixa as fotos do teu passado caírem da sua mão.

Beijo forte com abraço apertado."

domingo, 3 de abril de 2011

O Encontro Marcado¹

Guardei as minhas metáforas confusas no bolso por um tempo...

Eu subia as escadas aqui do prédio e cruzei com uma senhora muito engraçadinha de cabelo meio roxo. Talvez por compartilharmos a incompreensão do mundo quanto aos nossos cabelos, trocamos um sorriso simpático e continuamos nosso caminho.  

Quando cheguei em casa eu descobri que meu pai conhece essa senhora. O nome dela é confuso e parece nome de pedra. Ela foi o assunto a tarde inteira e quando quase chegava a noite ele me disse: “Ela parece muito com você Lucas. Sabe essa sua mania de dar cor e cheiro para tudo? Ela também tem. Outro dia mesmo ela me disse que a tarde estava cheirando a tristeza.”.


¹- O Fernando Sabino tem um livro lindo com esse título. Acho que o usei no título desta postagem, mais para indicá-lo. 

quarta-feira, 30 de março de 2011

Sinto

Não controla a chuva, então deixa chover.
Não controla o amor, então deixa amar.


sábado, 26 de março de 2011

Vampiros

Andei pensando em pautar a vida. Fazer de tudo lista.  Coisas bobas em papéis amarelos colados por toda a casa. Achei que devia colocar aos olhos os gostos e os desgostos para não esquecer.

É minha mentira.
É minha vergonha.

Num sábado sem gosto adormeci a morte de querer mais. Ficou ali no canto junto da planta que morre por falta de água. E o homem? O que é o homem?

Racional.
Animal superior.

Faço as listas da minha superioridade fútil. Sou melhor que você. Sou melhor que eu. 

Os “eus” da minha vontade.


quarta-feira, 23 de março de 2011

Instantes

Uma pulga pula e ninguém vê.

Niguém viu o pulo da pulga.

Ninguém respirou o desespero do pulo e a alegria da chegada.

Só a pequena pulga.

Que agora, pensa novamente em pular.

_
Para Penélope, que agora deve voltar em forma de pássaro.

domingo, 20 de março de 2011

Expresso duplo com baunilha

Passei a semana inteira medindo distâncias e quando deu tempo voltei a viver. Eu te quis sem saber se você me queria. Eu te chamei sem saber se me ouvia. Tropecei nas minhas vontades egoístas e te vi sorrir. Foi assim, só assim.

O cotidiano tomou susto e pediu sossego. 

Primeira aula às seis. Professor deu desculpa e abandonou. Dois cigarros e volta para a casa postiça na bicicleta enferrujada. A lua estava cheia, bem cheia.

Arrastei o sofá para me ver de um ângulo novo. Desliguei a TV pela vontade de silêncio. Cantei.

Gato nervoso, mordida. Suspeita de doença perigosa e um sorriso no rosto. Se for para morrer que seja de amor. Se for uma mordida que seja a tua. Nem vi acontecer.

Na receita dada pelo médico simpático “5 doses de VERORAB, uma por semana.”.

Por que todos estão tão preocupados? Por quê?

Um domingo de vento frio e céu branco. “Você já conhece a nossa loja?”. Digo que sim, mas peço uma sugestão. A barista simpática aconselhou acabar a semana com um expresso duplo com baunilha e um disco da Nana Caymmi.

quinta-feira, 10 de março de 2011

Moedor de farinha

Janaína morena pele seca
Do sertão seu amor padece
Janaína túmulo de João
Flores mortas vaso de barro
Janaína morena pele seca
Janaína morena rosto lágrimas
João tiro morreu
Janaína filhos farinha
Janaína angústia fugir
Janaína vida assim
Assim continua termina
Janaína morena da pele seca.

segunda-feira, 7 de março de 2011

A Rede Social

Ainda em pulso pelo filme, não sei de mim o quanto posso falar sobre. Eu gostei e agora ainda recomendo. Descara a futilidade, a incerteza, a insegurança e, sobretudo a falta de coragem e o excesso de inteligência dos jovens contemporâneos. Da dita persona do herói, assim como dos outros personagens, cria-se apenas um apego superficial. Tal como essa vida de dados sugere que seja. As antigas incertezas e conflitos dos filmes difíceis de outras-agora-futuras-épocas são deixados de lado. O foco é a instituição, a empresa, o dinheiro. E no fundo, não há fundo.

Eu gosto do dilema, eu gostei da montagem e fiquei impressionado com o roteiro. Porém de tudo que é possível destacar, destaco a namorada de Mark, primeira e única a aparecer no filme, que diz com a certeza de um discurso de rei: "O que se coloca na internet não é escrito a lápis, não pode ser apagado". Talvez aí esteja a única quase verdade deste nosso novo mundo, sejam as verdades ou as mentiras, o que está aqui, está.

A crítica, que recomendo muitíssimo, da Taína: [ http://lectervirouvegetariano.blogspot.com/ ]

sexta-feira, 4 de março de 2011

Olho mágico

Casa nova, a mesma família.
O dia de céu nublado.
O copo de café vazio.
As caixas abertas.
Limpa, guarda e esconde.
Recomeçamos.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Torta de maçã

Antes que a luz acabe e outras idéias tomem conta do meu quarto escuro, preciso explicar ao mundo as novas iluminações que tive.

Antes de ser aplaudido preciso esclarecer que as iluminações não são méritos meus, os filósofos e cineastas¹ que tenho lido disseram-me tudo. Eu mastiguei e reproduzo.

Pois bem, entenda o processo da mente humana. Eu dou-te uma palavra: “Maçã”. Em sua cabeça forma-se a imagem da fruta. Agora te dou outra: “Faca”. Provavelmente acontecerá o mesmo. Esses acontecimentos mentais, ou visualizações, são feitas apoiadas em suas vivências com estes objetos. Quando digo estas palavras em cada ser humano uma maçã e uma faca diferente serão mostradas pela mente. Agora se digo: maçã e faca. Impossível não gerar uma terceira imagem envolvendo os dois elementos. Que isso se dá é evidente, e ouso dizer óbvio, porém o que mais me atrai nesta brincadeira é que a faca interagindo com a maçã ganha cenários, cores, cheiros e outras tantas coisas mais ao gosto do freguês. Cada ser humano recria o que digo com sua experiência sensorial única. A interpretação da simples frase “Faca e maçã” é individual e provoca em cada um uma reação específica.

Agora temos sob estas explicações o porquê de a arte ser importante. É na arte, produto humano, que se condensam milhões de “facas e maçãs”. Um quadro, uma poesia ou um filme dão-te elementos para transbordar sensações por todo o ser. Ouso perguntar a esta hora da noite: O que faz um artista? Reúno minha prepotência para responder-me: É ter a capacidade de mostrar elementos capazes de fazer o vulcão de sentimentos e sensações, boas ou ruins, de todo ser humano entrar em erupção.

¹- EISENSTEIN, Sergei - "O sentido do filme" e PAZ, Octavio - "O Arco e a Lira"

sábado, 19 de fevereiro de 2011

CEP

Cancelaram o cotidiano sem graça dos dias repetidos. Os personagens mudam com a mudança do cenário? 
Uma crônica denuncia sua vida vazia.
"Vai ser bom, você vai ver. Apenas cinco minutos da loja de café que você tanto gosta."
Sete caixas de história e o resto. Estamos indo...

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Azedo

Correu do mar para não ver a onda quebrar em suas pedras empilhadas. De malas feitas voou para longe da vida, da vida. Viveu seus maiores sonhos no sofá da sala. Na sala tocava um disco antigo de música de protesto, protestando os negros, o preconceito, os vícios. Não assume a parda cor de sua pele carioca queimada. Gosta do frio, longe do mar. Gosta do frio ardente de uma paixão platônica de fim de tarde. Café amargo depois de acordar. O disco continua. Protesto anêmico da vida amassada. Da cara amassada. Correu pra longe da vida. Fugiu da verdade, fugiu de si. Não quer ser o homem pobre de alma, de vazio, vazio de si. Correu para o mar, quis ver tudo quebrar, até a água, até a pedra maciça. 

Fez de si seu herói.
Para ter certeza que heróis choram, 
Chorou.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Eu, eu mesmo e Vipassana.

 Dez dias em um retiro de meditação no interior do Rio de Janeiro resumidos em alguns parágrafos.



  Quem já assistiu “Eu, eu mesmo e Irene” vai entender o título do post e a ironia que possui com o resto do texto, mas estragando a piada como um bom tio velho em almoço de domingo, eu explico. Este filme, uma comédia barata que não recomendo, mostra a vida de um homem que trabalha como policial de uma cidadezinha e é o “capacho” de todo mundo. A cidade inteira tira proveito do policial e ele faz tudo sorrindo, mas em um momento do filme ele muda, um tipo de dupla personalidade, e começa a impor um respeito exagerado à todos da cidade. A Irene é o pivô da mudança.
     Foi assim, falaram-me de um curso de meditação de dez dias e foi o máximo pra despertar meu interesse, no entanto o assunto surgiu em uma festa de aniversário com muita bebida e logo, por causa da bebida, eu me esqueci do tal curso. Bem, mas no começo de janeiro deste ano um amigo meu, que também estava na conversa no dia do aniversário, falou-me pela internet que havia encontrado o site do curso. Eu pedi que ele me enviasse o endereço e fui me inscrever. Não haviam vagas, fiquei na lista de espera. Estava chegando o dia do começo do curso e ninguém ligou nem enviou email falando sobre a vaga. Eu imaginei que não conseguiria nada com a tal lista de espera, mas três dias antes do inicio do curso, eles me ligaram. E de repente eu tinha apenas três dias para organizar a minha vida.  Eu iria ficar dez dias longe de tudo, sem telefone, sem internet, sem TV e sem falar.
O curso de meditação, ou retiro de meditação, fica aqui no interior do estado do Rio. Região Serrana que, segundo a placa na entrada da cidade, ostenta 52% de mata atlântica. O caminho foi longo, mas de longe menos doloroso que o caminho que eu iria percorrer durante os dez dias. Cheguei ao “Dhamma Santi” um pouco depois das duas da tarde do dia 26 de janeiro. Começou ali.
Depois de assinar um termo me comprometendo a permanecer os dez dias no retiro e um formulário que perguntava meu histórico de doenças mentais e emocionais, fui encaminhado ao meu quarto. Coisa simples, quatro camas de madeira em um espaço de no máximo sete metros quadrados. Quando eu cheguei um dos meninos que dividiria o quarto comigo já estava lá. Talvez motivado pelo silêncio que teríamos que fazer, trocamos poucas palavras. Tive tempo de tomar banho, colocar as recomendadas “roupas humildes”, dar oi aos rapazes dos dormitórios vizinhos e o sino tocou pela primeira vez. Na verdade não é um sino, mais parece um gongo portátil. O som no primeiro dia é bem agradável, mas isso muda.
A primeira reunião que tivemos foi no refeitório masculino, foram passadas todas as regras e perguntado mais uma vez se agüentaríamos os dez dias. Não entendi na hora o motivo da insistência com o fato de passar dez dias lá, afinal todos sabiam onde estavam se metendo. Entretanto, todos nós concordamos e fomos encaminhados à sala de meditação pela primeira vez. A sala de meditação é um cômodo muito grande, cheio de tapetes no chão e com um altarzinho na frente. Cada tapete tem seu dono e pertence a ele até o fim do curso. O altar, na verdade é um “tabladinho”, onde o professor medita. Depois de todos na sala, a primeira meditação em grupo começou. Eu já sabia que seriamos orientados pelo Sr. S. N. Goenka, maior divulgador e professor de Vipassana da atualidade, mas não sabia que seria tão engraçado. Tivemos uma professora, a Sra. Leila Macedo, mas seu trabalho durante os dez dias foi reproduzir em seu Ipod as gravações com as orientações do Goenka em inglês e vez em quando nos perguntar uma coisa ou outra sobre a técnica. Pois bem, eu disse que a primeira vez foi engraçada, é que a voz do Sr. G. é a voz mais rouca que eu já ouvi na minha vida, supera a do vocalista do Sepultura. E, além disso, o inglês dele é muito carregado pelo sotaque indiano. Consegue imaginar um indiano rouco falando em inglês pra você inspirar e expirar por longos minutos? Foi difícil, mas eu consegui segurar o riso.
O primeiro dia começa realmente no segundo dia em que você está no retiro. O gongo soa às quatro horas da manhã e você tem meia hora para se aprontar para as duas horas de meditação que acontecem antes do café da manhã. Para poupar minha narrativa cansada e dinamizar as coisas, segue o horário seguido severamente nos dez dias:


4:00 – Acordar
4:30 às 6:30 – Meditação em grupo na sala ou no quarto.
6:30 às 8:00 – Café da manhã e descanso.
8:00 às 9:00 – Meditação em grupo na sala.
9:00 às 11:00 – Meditação na sala ou no quarto segundo as orientações do professor.
11:00 às 12:00 – Almoço e descanso.
12:00 às 13:00 – Entrevistas privadas com o professor.
13:00 às 14:30 – Meditação em grupo na sala ou no quarto.
14:30 às 15:30 – Meditação em grupo na sala.
15:30 às 17:00 – Meditação na sala ou no quarto segundo às orientações do professor.
17:00 às 18:00 – Lanche e descanso.
18:00 às 19:00 – Meditação em grupo na sala.
19:00 às 20:15 – Palestra.
20:15 às 21:00 – Meditação em grupo na sala.
21:00 às 21:30 – Perguntas públicas.
21:30 – Apagam-se as luzes.


E assim, seguiram os dez dias. Para cada um desses horários tocava-se o gongo, fica fácil imaginar a raiva que você pega do gongo depois de três dias. No entanto a raiva do gongo é a que menos incomoda, eu não sabia que meu cérebro podia ser tão chato e desobediente. Depois de três dias tentando domá-lo, ele torna-se seu inimigo. Cada passo foi motivo de pensamentos bons e ruins, cada minuto dos momentos de descanso foi intenso, cada segundo sem falar, preso em mim mesmo, foi caótico.
No segundo dia eu estava certo e só uma coisa passava na minha cabeça: “eu preciso sair daqui”. Foi o dia inteiro mastigando meu orgulho por ter confirmado tantas vezes que agüentaria ficar os dez dias e agora estar desistindo. Suportei o segundo dia e na palestra da noite eu escutei tudo que eu havia sentido. Por não poder falar com ninguém, fica a dúvida quanto ao que está se passando com os seus companheiros de retiro, isso intensifica o sofrimento. No entanto, como disse, na palestra do segundo dia Goenka me fala a seguinte frase: “Hoje é um dia difícil, muito provavelmente você pensou em desistir ou fugir daqui.”. Senti um misto de medo e satisfação. Em seguida ele explicou que por estar tentando domar a mente, ela usa certos truques para te fazer fugir desta suposta “roubada”. Faz-te sentir saudade de coisas ridículas, por exemplo. E de fato, o que mais me motivava a sair no segundo dia era a saudade de beber café.
As coisas foram bem até o quarto dia, mas é nesse dia que aprendemos a técnica de Vipassana, lê-se “Vipáchana”. Então, no quinto eu dia estava querendo correr do retiro novamente e como da primeira vez a palestra da noite foi uma surpresa. A gravação rouca me fala exatamente a mesma coisa que disse no segundo dia, porém agora justifica a vontade de desistir pela intensidade e o aprofundamento da técnica. Eu já cansado, mordi o lábio, fiz a última meditação do dia e fui dormir. Nesta noite eu sonhei com duas coisas: que eu escrevia e com o café da manhã. Somos proibidos de praticar qualquer atividade intelectual durante o curso e o café da manhã do retiro é a melhor coisa do mundo. Eu nunca tinha comido torradas integrais tão gostosas na minha vida.
Depois do sétimo dia, dia em que soltei algumas lágrimas enquanto andava pelo retiro, não parei de contar o tempo até o fim do curso. O lugar é maravilhoso, fica situado em cima de um dos morros que compõe a cidade de Miguel Pereira. Não tem nada ao seu redor, só Mata Atlântica. É preciso dizer que tive alguns problemas com a fauna do local. Uma das regras do retiro é não matar nenhum animal, nem os mosquitos insuportáveis que ignoram o repelente e sugam metade do sangue do seu corpo. Todavia, os mosquitos foram nada perto dos sapos imensos que tinham o prazer de nos esperar durante a noite na porta do banheiro. Eu vi uma cobra coral e a sensação não se compara ao pavor que aqueles sapos me provocaram. Tinha um em especial, que quando nos foi permitido falar apelidamos de “Sapo Monstro”, que não saia quando batíamos o pé no chão. O danado era insistente e carregava grandes bolsas de veneno no pescoço, o que deixava sua insistência ainda mais assustadora. Depois disso eu não consigo nem pensar nos sapos fofos de gesso que minha tia tem no jardim. Traumatizei.
Lá pelo nono ou oitavo dia nós já estávamos bem por dentro de como a técnica funcionava. A Vipassana se baseia no preceito de que tudo que sentimos provoca uma reação e que essa reação pode ser de aversão ou cobiça. Daí, se a coisa é boa geramos cobiça, ficamos cegos pela sensação. Se a coisa é ruim, aumentamos a dor pela aversão que criamos na cabeça. Exemplificando, se temos um problema fazemos de nossa vida um inferno deixando o problema poluir o resto das coisas que não estão envolvidas com ele. Ou, se compramos algo e sentimos certo prazer de “eu posso comprar isso e todo mundo vai ver”, passamos a comprar sempre coisas pelo prazer fútil, não pela necessidade. É aí que a Vipassana entra, ela ensina o meditador ficar equânime a essas sensações. Não criar mais aversão ou cobiça. Sintetizei o assunto, o curso dura dez dias e realmente são necessários os dez dias para aprender a técnica.
Finalmente no décimo dia é permitido falar, segundo eles é uma reabilitação antes da saída. Imagino que deve ser realmente terrível ficar dez dias sem falar e depois ser jogado na cidade grande. Pois bem, o dia foi simplesmente para apresentações e “o que você achou do curso?”. Foi divertido, mas em certos momentos dá saudade do silêncio. Falamos um bocado. Conheci todas as pessoas que andaram, comeram e meditaram perto de mim por dez dias. O menino que parecia tímido era realmente tímido, o que parecia nervoso era um doce, o que batia a porta não percebia sua agressividade etc. Foi o dia de jogar ao chão os estereótipos e conhecer pessoas interessantes.
No último dia também ficamos sabendo dos desistentes. No meu quarto um menino desistiu, e de fato quando eu vi a cama dele vazia me deu vontade de sair também. Não seria ser volúvel, é que a facilidade de deixar o retiro fica aparente. Uma ótima oportunidade para o cérebro cogitar as possibilidades.
Quando amanhece o décimo primeiro dia, no nosso caso o dia 06 de fevereiro, você pega suas coisas (carteira, livros, celular etc). Ainda é necessário meditar, então meditamos. Depois da meditação acontece um mutirão de limpeza em todo o lugar, os alunos limpam todas as dependências que usaram. Eu achei muito justo e divertido. No último dia também é possível fazer doações, o curso é todo gratuito e é mantido pela doação dos alunos antigos. A gratuidade do curso é explicada pela necessidade da diminuição do ego de quem participa. Eles falam: “Se você paga pelo curso, acha que tem direito de reclamar. Aqui o ego precisa ficar de fora.”. Portanto, tudo que você usa não é seu, é necessário ser humilde.


Quando cheguei em casa, às 16:13 do domingo, tudo parecia diferente. As coisas não tinham o mesmo gosto. No espelho eu estava mais magro e barbudo. No meu quarto as coisas não me atraiam como antes. Minha voz estava calma e eu conseguia pensar tranqüilo antes de responder qualquer coisa. Olhar para a televisão havia perdido a graça. Eu contei tudo aos meus pais, que ficaram principalmente felizes por eu ter parado de fumar momentaneamente. Eu não acho que o melhor que eu trouxe de lá tenha sido isso, a lista é longa... Eu já compartilhei grande parte da experiência com vocês, caso tenham a oportunidade de passar os dez dias dentro de si mesmos, façam e descubram essa grande lista...

P.S.: O curso termina com a frase: Sejam Felizes. :)


terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Se houver motivo, é mais um samba que eu faço.

A ansiedade pode tornar a realidade frustrante.
Voltei.




Em poucos dias conto tudo. 

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

domingo, 23 de janeiro de 2011

As melhores coisas de todos os tempos da última semana. #1

Tudo entre o nada e o resto. As coisas boas da semana, sabe? Não vejo "reality show", daí sobrou tempo...

# As Melhores Coisas da Mundo (2010) - Taís Bodanzky.

Comecei a assistir sem muitas esperanças, mas me surpreendi. Se forem assistir, espero que o façam, reparem na fotografia e nas cores do filme. A direção de arte também é admirável. 

# Something - Beatles

Está na lista por causa de "As Melhores Coisas do Mundo". Fazia tempo que eu não escutava, mas agora está no "repeat".

# Edward Sharpe & the Magnetic Zeros.

Bem, na verdade, eu ainda não terminei de ouvir o CD inteiro, mas já gostei muito. É um som meio bagunçado e divertido, e o visual dos integrantes segue o mesmo caminho. Lembra de longe "Os Mutantes". Recomendo começar a ouvir pela música "Home".

# How to Train Your Dragon (2010) -  Dean DeBlois, Chris Sanders.

Colocado na minha lista de animações favoritas! É delicado, engraçado e aborda temas como: as diferenças, o respeito e principalmente o preconceito. Infelizmente, como todos a maioria dos filmes comerciais, os últimos dez minutos te deixam por dentro de tudo. 

C'ya.

sábado, 22 de janeiro de 2011

Repete?

Assim como quem está em lugar de língua estranha...
Repete?
Fez que sim, riu divertido.
Repete?
Não repetiu, virou silêncio.





Repete?
Preciso de você.
Virei silêncio.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Câmera quebrada

     Arrependimento vazio das épocas futuras. Faço a crítica, escondo o rosto. Ceticismo avançado, não acredito nem em mim mesmo. Como pode ser tão cruel? Como pode? Viu no jornal que a chuva matou gente, viu no jornal que a chuva castiga. Viu no sensacionalismo um jornal. Como se faz para não sofrer? Sofra a emergência de um maço a mais de cigarro para as noites de insônia. Sofra a falta de cafeína nas madrugadas inspiradoras. Sofra, sozinho, no escuro.
     Há algumas pessoas vigiadas, experimento vago. Exaltação do nada. Galeria de paredes brancas, num mundo branco. Nada do nada. Representação fiel da besteira. Tem gente morrendo a morte mais sofrida e sofrendo da tristeza de não parecer existir. Como eu não sofrer? Como eu errar o português em épocas como essas? Como eu speak english com tanta gente morrendo do B-A-Bà-Bolsa Família? Entregamos-lhe uma bolsa, você empacota sua família. Tem gente morrendo. Tem carro quebrado. Tem vida no poste de luz elétrica? Fico à disposição para ajudar, depois do meu banho com água mineral importada de um monte qualquer da Europa. Fico. Não vou. Tenho que sofrer, tenho que apanhar, tenho que comprar, tenho que assistir. Calado! Não vou, não fui, não pareço estar indo à lugar algum.
    Consumo o básico, pago a conta do celular. No banco do banco vivo um paradoxo. Não é possível o artesão viver só da indústria robotizada, não é. Ponhamos dentro de uma casa alguns pobres, alguns ricos, pessoas bonitas e as feias também. Quem será que o público vai escolher? Ligue para esse número para eliminar Maria e para este se quiser eliminar João. João e Maria não vão ganhar, a bruxa tem sido mais esperta desde a invenção do coração. Que sangra.


Não quero fazer sentido no mundo dos sem sentidos (!).

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Ano novo, desculpas velhas.

Quem foi o estúpido que prometeu tirar uma foto por dia, todos os dias do ano e já parou no 4º dia de janeiro? Quem foi o pretensioso que prometeu começar uma dieta no novo ano e no primeiro dia do primeiro mês já estava na mesa do fastfood? Quem foi que disse que faria um desenho por dias nas férias e nem sabe onde está seu lápis favorito? Quem é o pseudo-altruísta que jurou doar as roupas velhas para a caridade e ainda não teve coragem de abrir o armário? Quem foi que mexeu no meu queijo?

O ano muda, às pessoas, demoram...

domingo, 9 de janeiro de 2011

Forma redonda - de 30 à 35 minutos.

Domingo à tarde. Encarar o Faustão e sua redução de estômago ou cumprir a promessa feita dias atrás? Fui pra cozinha. Tentativa falha de fazer bolo de baunilha, só tinha de laranja. “Vai ser de laranja!” – Grito da cozinha. Pedro, vizinho, quatro anos, permanente em nossa casa nas férias do colégio, acompanha-me no processo. “Pra que serve isso? E isso?” – Pedro pergunta a todo tempo sem conseguir olhar por cima da pia. “Espera, depois você vai ver.”. O tamanho do ovo interfere na receita? Estavam pequenos, pus três. Ligo a batedeira e a gata sai correndo da cozinha, Pedro vai atrás. 


Os tabuleiros deveriam vir untados (!). Forno, 180º. Sigo a risca, vai dar certo. Não dá. Solou. Recompensa pela boa vontade: “Não liga, finge que é brownie e joga sorvete em cima”. O Pedro adorou.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Lugar vazio

Metrô, porta abre. Entra. Não senta, bancos vazios, bancos para pessoas velhas, gordas ou grávidas. Não é grávida, não se assume velha, perdeu três quilos mês passado. Próxima estação: Saens Peña. Ainda passa bonde na Tijuca? Já passou algum dia? Eu gostaria de pegar um bonde na Tijuca. Banco vazio, não é reservado. Não senta, já vai soltar. Um menino bonito, novo demais. Não pode olhar, é contra a lei da moral da ética dos bons costumes da sanidade do País. É maluca. Sou maluca, assume. Porta abre. Sai.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Choveu no Rio

Choveu no Rio de Janeiro, e para tragédia dos ambulantes de Copacabana, continua chovendo. A polaca gorda hospedada no 4 estrelas de Ipanema não sabe mais o que fazer, está gastando todo seu dinheiro no shopping meia boca da esquina. O secretário de turismo mandou avisar que já encomendou uma nova tecnologia da China que espanta tempestades, mas não garante nada contra terremotos. Cariocas que gostam de bons livros, café e quando estão inspirados escrever, não ficam contentes com a notícia. O Rio de Janeiro chora, para alguns, de felicidade.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Chegaram para a limpeza

A festa a acabou, sinto informar.
A bebida foi-se toda nos goles cavalares do convidados afoitos.
A comida nem vi passar.
O que posso oferecer é o café que ainda me resta e um bom papo sobre a personalidade dos outros.
Vai ser divertido. Senta aí.