sábado, 6 de setembro de 2014

Ouroboros

Ainda confusa com o diagnóstico positivo saiu da clínica segurando um envelope pardo e tirando o lenço do pescoço.

Maria, 67, Servidora pública aposentada, Caxias – RJ



Acordou as crianças, deu um beijo no marido e fez café. Ainda usava pijama quando Jonas, o filho mais novo, abraçou-a e perguntou pelo pai.

Giovana, 35, Professora de português, Tijuca – RJ



Levantou da cama ainda pensando no pesadelo. Correu rápido no quarto de Jonas e ele já havia descido. Voltou para o quarto e vestiu o uniforme do treino de futebol.

Ricardo, 12, Estudante, Tijuca – RJ



Ouviu a voz da mãe lhe chamando e dizendo que era hora de acordar. Já estava acordado, apenas levantou. Seguiu a mãe até a cozinha e a abraçou. Perguntou pelo pai sabendo que ele estava fazendo uma escala nova no Hospital.

Jonas, 7, Estudante, Tijuca – RJ



Ligou para mãe, mas ela não atendeu. Sabia que ela estava indo ao médico e estava preocupado com sua tosse constante. Tinha esperança de não ser nada. Continuou a preparar o campo pro torneio de futebol que aconteceria na escola.

Arnaldo, 27, Professor de Educação Física, Caxias - RJ



Respirou fundo, pensou nos filhos e na Giovana. Queria poder ver hoje o jogo de futebol de Ricardo. Tinha medo de que seus diagnósticos um dia fossem para um deles. Odiava dar más notícias, mas “Dona Maria, a senhora tem um câncer inoperável no pulmão”.

Robson, 41, Médico, Tijuca – RJ.

Um comentário:

Paulo Roberto Figueiredo Braccini - Bratz disse...

Sim, lidar com graves problemas sempre é difícil ... passei por duas situações deste nível em mminha vida mas continuo aqui e remando o barco com absoluta confiança e ainda dando conta ...