terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Azedo

Correu do mar para não ver a onda quebrar em suas pedras empilhadas. De malas feitas voou para longe da vida, da vida. Viveu seus maiores sonhos no sofá da sala. Na sala tocava um disco antigo de música de protesto, protestando os negros, o preconceito, os vícios. Não assume a parda cor de sua pele carioca queimada. Gosta do frio, longe do mar. Gosta do frio ardente de uma paixão platônica de fim de tarde. Café amargo depois de acordar. O disco continua. Protesto anêmico da vida amassada. Da cara amassada. Correu pra longe da vida. Fugiu da verdade, fugiu de si. Não quer ser o homem pobre de alma, de vazio, vazio de si. Correu para o mar, quis ver tudo quebrar, até a água, até a pedra maciça. 

Fez de si seu herói.
Para ter certeza que heróis choram, 
Chorou.

2 comentários:

Paulo Roberto Figueiredo Braccini - Bratz disse...

Sim ... os heróis choram ... mesmo aqueles q fogem de si na busca de um ...

bjux

;-)

Tainá Rei disse...

Esta última parte dá um haicai animal!