domingo, 8 de maio de 2011

Passos rápidos

Céu branco de vento frio enquanto a tarde cai. Não é possível ver o rosto das pessoas que passam. As luzes automáticas ainda não compreenderam que é noite e estão apagadas. Tudo está cinza escuro. O amarelo desbota aos pés da árvore por hora negra. O vento é frio. Há silêncio no barulho das conversas tortas. Todos compartilham da tristeza inexata dos segundos. Nos olhamos. Ele procura os fósforos na mochila velha. Eu fico vazio enquanto acompanho o passar dos estranhos. Todos andam com direção e certeza de chegada. Todos estão com pressa. Eu não. Sucumbi à pressa quando o sol sumiu. Ajeito a blusa e acendo um cigarro. Agora da árvore só é possível ver o negro de sua silhueta. Fumaça, roupas densas, solidão em mim. Ele me olha confuso ajeitando o cabelo. Não está tudo bem. Eu respondo que sim. Eu quero sempre pensar que sim, mesmo vendo este pássaro voar para longe. A tarde enfim vai e me diz adeus. Eu fico sem saber esperar.

Frame do documentário "O Voo de Tulugaq"